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Originais  em tinta

Nanquim aguada s/ papel.

30x40 cm - 2015/16

ink

Para criar essa série de paisagens, pintadas em tinta nanquim aguada sobre papel, tomei como partido a ideia do bonsai, palavra que em japonês significa árvore no vaso. 

A ação do gesto rápido e caligráfico, a mancha e a atmosfera nebulosa da tradicional pintura oriental foram as premissas que adotei como conceito

Para criar essa série de paisagens, pintadas em tinta nanquim aguada sobre papel, tomei como partido a ideia do bonsai, palavra que em japonês significa árvore no vaso. A ação do gesto rápido e caligráfico, a mancha e a atmosfera nebulosa da tradicional pintura oriental foram as premissas que adotei como conceito. 

Falares do silêncio.

Oscar D’Ambrosio*

O trabalho do artista plástico Julio Minervino tem como um de seus elementos fundamentais o amor pela técnica e o seu domínio. Existe um carinho extremo por aquilo que faz e um cuidado imenso para que cada peça seja preservada não no sentido de uma relíquia intocável, mas como um respeitoso documento da sua relação com o mundo.

Nesse aspecto, a série de nanquins aguadas em que trabalha com a mancha e com pequenas figuras retrata o compromisso de oferecer ao observador o impacto visual do diálogo da tinta, mais disseminada ou contida de acordo com a ocasião, com o papel em branco num lirismo permanente.

Esse jogo, em que o diálogo entre o controle e o descontrole é fundamental, ganha o acréscimo de diminutas imagens, de extrema delicadeza, que se reportam à infância do artista no interior do estado de São Paulo. O mundo rural e as paisagens das estradas surgem de maneira surpreendente nas reentrâncias sugeridas pela exploração das sugestões do espaço.

Para ampliar o grau de estranhamento, os quadros visuais criados são conectados a misteriosos traços, que funcionam como suportes e bases de cavaletes. Instaura-se assim uma atmosfera plástica em que o silêncio fala pela conversa visual entre as linhas, a mancha e a presença do desenho. Precisa mais?

* doutor em Educação, Arte e História da Cultura e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA – Seção Brasil).

"Paisagens" - originais em Nanquim aguada s/papel Watercolor.

30x40 - 2015/16

"Num véu de água se inscreve a paisagem"

livro publicado em 2016

Rosely Nakagawa*

 

O desempenho das artes plásticas exige do artista um conhecimento e domínio

dos instrumentos, materiais, processos e bases.

O papel, por exemplo, precisa ser conhecido para ser utilizado em toda sua

essência: gramatura, 

rugosidade, absorção, transparência ou opacidade. A tinta pode trazer com seu corpo o volume, em camadas as luzes, transparências, construindo sobre o papel superfícies, outros corpos e

sensações.

O pincel precisa carregar a quantidade de tinta em sua diluição ideal para conseguir traçar o caminho para demarcar a mancha ou linha, com a saturação planejada.

Júlio Minervino exercita o potencial destes materiais e instrumentos numa

experiência inversa do que acabo de mencionar.

Nesta serie ele parece dominado pelos instrumentos e materiais, surpreendendo-se com a exploração da rugosidade, a absorção e a

transparência que constroem universos mágicos em manchas sustentadas por

linhas. Tira partido do acaso que ocorre com o aparente descontrole da quantidade de tinta diluída, construindo um território demarcado pela própria capacidade de absorção oferecida ao papel pelo seu pincel.

A relação que se estabelece entre o artista e as artes plásticas é isso em essência: pura mágica; para ser saboreada ao sabor do acaso sob controle.

*

 

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